Não há mais limites para as transformações que as tecnologias promovem nas empresas. Especialmente no departamento de Recursos Humanos, a Inteligência Artificial está revolucionando a forma de realizar atividades tradicionais, como seleção e recrutamento de talentos.
Este foi um dos temas abordados nas palestras durante o 17 º Congresso Amazônico de Gente e Gestão, que aconteceu entre os dias 17 e 18 de maio, em Manaus (AM).
Para falar um poucos mais do impacto desta tecnologia no dia a dia da gestão de pessoas, nós conversamos com Manuel Cardoso, professor assistente do Departamento de Eletrônica e Telecomunicações da Universidade Federal do Amazonas, que atua há mais de 30 anos com Inteligência Artificial.
Durante o evento, Cardoso ministrou a palestra “Inteligência Artificial e suas aplicações na gestão de pessoas e negócios”. Confira abaixo o bate-papo!
Ahgora – O que efetivamente muda nos negócios com a Inteligência Artificial?
Manoel Cardoso – O que a gente observa é que o comportamento do mercado consumidor muda com cada vez mais frequência e a própria sociedade se tornou cada vez mais imprevisível. Isso fez com que a necessidade por adaptação aumentasse. Ou seja, fez crescer a necessidade de que a organização tenha respostas de forma mais ágil e rápida. Fugindo daquela estrutura tradicional engessada.
Esta é uma realidade vivenciada que a gente observa nos modelos humanos de gestão, onde vemos ter necessidade de automatizar e dar condição de gestão autônoma para a própria organização.
Dar estas condições às corporações por meio da Inteligência Artificial é oferecer a oportunidade para que elas sejam mais autônomas e eficientes, mudando as relações e atividades.
Desta forma, perde o sentido do ser humano realizar as atividades de baixo valor agregado ou que necessitam de esforço físico, e passa-se a valorizar as atividades que necessitam de análise crítica, conhecimento e capital intelectual. Dessa maneira, a A Inteligência Artificial ajuda nesta capacidade de análise crítica.
Ahgora – Como a Inteligência Artificial está mudando a área de Recursos Humanos?
Manoel Cardoso – A Inteligência Artificial muda radicalmente o RH, uma vez que cada vez mais é exigido dos colaboradores uma capacidade analítica, o que vai dar mais competência técnica e capacidade criativa ao RH.
Hoje, o que se tem nas corporações é uma situação de perda de conhecimento e informação, e com a Inteligência Artificial tudo se torna mais sistemático e quebra o insubstituível.
Algumas atividades repetitivas vão ser substituídas naturalmente pelos recursos que as tecnologias que estão trazendo. E, com toda certeza, as pessoas vão sair do operacional e ter um papel cada vez mais analítico. Isso nós já conseguimos observar nas empresas. Neste sentido, o papel do RH é extremamente importante neste processo de transformação.
Por exemplo, eu vejo que se essas ferramentas forem aplicadas na gestão como um todo, elas podem estabelecer novos modelos criativos. Assim, as empresas possam responder mais rapidamente às mudanças que o mercado exige.
Ahgora – A inteligência Artificial é um recurso muito interessante. Essa tecnologia oferece algum risco aos profissionais de RH?
Manoel Cardoso – É mais uma evolução do profissional do RH. Mas, vamos deixar claro que a ameaça de substituição do ser humano por modelos cibernéticos está bem longe de acontecer. Afinal, ainda existem desafios tecnológicos a serem superados. E o ser humano traz como grande diferencial a inteligência interpessoal e a capacidade crítica. Portanto, estas não serão substituídas.
Ahgora – Como que esta tecnologia pode mudar o dia a dia do RH, especialmente quando falamos em Gestão de Pessoas?
Manoel Cardoso – Algumas empresas já usam as estruturas de dados, para avaliar não só os perfis dos colaboradores mas também seus desempenhos. Nesse sentido, elas utilizam ferramentas de analytics que possibilitam identificar padrões de comportamento. Os chamado Big Datas e Analytics auxiliam a reconhecer perfis, o que impacta positivamente na gestão de pessoas.
Ahgora – Como que a Inteligência Artificial pode transformar os negócios?
Manoel Cardoso – De muitas formas. Por meio destas ferramentas analíticas e das bases de dados é possível otimizar os processos e automatizar atividades. Ainda por cima, identificar padrões e possibilidades de melhorias se torna muito mais fácil, otimizando análises e recursos.
Ahgora – E na sua opinião, qual o papel do ser humano diante deste cenário de transformação impulsionada pelas tecnologias?
Manoel Cardoso – Existe uma coisa muito importante para as organizações, que é a questão da liderança que tem o objetivo de nos levar a ações colaborativas nas empresas. Apesar de todas as vantagens que as tecnologias trazem para o ambiente corporativo, nunca se deve deixar de perceber que existe um potencial enorme na atividade humana, que é o potencial intelectual.
Vale destacar que é necessário trabalhar este ser humano para aprimorar mais este potencial, para que ele se torne mais analítico “no que faz” e no “como faz”, entendendendo as razões do “porque faz”.
Assim, é possível dar às organizações um novo entendimento e treinamento aos colaboradores do ponto de vista do empreendedorismo, buscando aplicar esse conhecimento. Portanto, esta é uma mudança filosófica e cultural, e o RH vai ter que desempenhar esse papel para as empresas que queiram se manter em constante evolução.
E a sua corporação? Vocês já estão investindo em tecnologias de inteligência artificial para gerar melhores resultados ou ainda estão resistente às transformações? Conta pra gente nos comentários!